quinta-feira, 29 de maio de 2008

1968 - O ano que não terminou

Um dos anos mais marcantes da história, contada pelo ecritor Zuenir Ventura...



Zuenir Carlos Ventura, jornalista que viveu na pele a época de repressões, ditaduras, censuras e grandes revoluções sociais e culturais no Brasil e no mundo, reconstrói, de maneira poética e apaixonante, os acontecimentos que fizeram de 1968 um ano único na história. Seu livro, 1968 – O ano que não terminou, tornou-se um best-seller, já tendo vendido mais de 200 mil exemplares.

O autor reconstitui os tempos de exaltação daquela época e revela fatos curiosos sobre os principais personagens da vida política e cultural brasileira do período.

A festa de réveillon do ano de 1967, na casa de Heloísa Buarque de Holanda, é o ponto de partida do livro, que mostra, desde o início, que aquele não seria um ano qualquer.

No desenvolvimento da obra, Zuenir relata como agiam e se organizavam os movimentos estudantis e intelectuais integrados por jovens, artistas, cantores e compositores.
Segundo o autor, o assassinato do estudante Édson Luís pela Polícia Militar do Rio de Janeiro marca o início do conturbado ano de 68.

Outro evento importante tratado na obra foi a Sexta-feira sangrenta. Em meados de junho, o Brasil sofreu um dos momentos mais tensos desse período. O dia 21 ficou marcado pelo ataque do povo contra a polícia, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Pessoas foram presas, baleadas e mortas. Tal fato motivou a organização da Passeata dos 100 Mil, reconhecida como uma afronta à ditadura militar.

A polêmica peça teatral Roda Viva é contada com intensa dramaticidade. Proibida de ser encenada por duas vezes, em São Paulo e em Porto Alegre, os artistas foram espancados por um grupo de pessoas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), tendo o cenário depredado.
Zuenir descorre ainda sobre a realização do XXX Congresso da UNE, organizado clandestinamente por algo entorno de 750 a 1.500 estudantes, que acabaram presos em Ibiúna, São Paulo.

O último fato relevante do ano tem registro em uma sexta-feira, 13 de dezembro. Sexta-feira 13, que mudou o rumo do país por quase 10 anos. A partir de entrevistas e do acesso a materiais até então inéditos, como a fita com a gravação da reunião que decidiu pelo AI-5, Zuenir recria o acontecimento político, que abalou o Brasil.

Entra em vigor o Ato Institucinal número 5, decretado pelo então Presidente da República Costa e Silva. A medida suprime as liberdades democráticas no Brasil. Com o AI-5, o Congresso Nacional é colocado em recesso e vários parlamentares têm seus mandatos cassados.
Acima de tudo, Zuenir quer mostrar que a história de 1968 não termina aí. Ela, na verdade, começa, estabelecendo, para os dias de hoje, referências no comportamento, na ética e na forma de pensar das novas gerações.

Um livro interessante para os apaixonados pela historia da ditadura militar e curioso para aqueles que não viveram essa época de vitórias e derrotas. Não se trata exatamente de um livro de história. Mas de um retrato de uma geração que, como no resto do mundo, queria fazer uma revolução em todos os sentidos. Porém pelo menos aqui, não conseguiu mais do que uma revolução cultural.

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